segunda-feira, 30 de julho de 2012

Saudosa AMIZADE


Oh dia, tarde e noite triste que invade minh'alma
Oh escuridão que me cerca
Oh lembranças doridas que me ferem o peito
Sangra, arde, queima...

Olho para o chão a procura do pó dos teus pés; que o vento varreu
Busco no silêncio a voz solta na amplitude do espaço; que se perdeu
Com sofreguidão me vem as recordações
Voam a mim como facas de duplo gume os momentos

Se o tempo, eu pudesse parar, eternizaria nossas eloquentes prosas
Vidas partilhadas na existência do que foi
Conselhos mútuos sem demagogia
O simples você e o humilde eu...

Vaidades da simplicidade expressas no chinelo velho e no prato de feijão
Seu cálice sutil é a bebida dos sóbrios, mas ébria de sapiência
Regaço de profundo acalento, revestido de generosidade e mansidão
Contemplo, carinhosamente, o coração que pulsava no peito amigo

Foi difícil encontrar-me com o lugar...
Foi difícil encontrar-me com a história...
Foi difícil encontrar-me com o passado...
Foi difícil retomar a missão sem você.

A voz embargada, o olhar pesaroso pela falta do encontro
O grito
A lágrima
O gesto concreto

Surgiu dentro de mim uma força que me iluminou, envolveu, contagiou...

Eis a Fé!


Escrito por Mr.Brunos (Saudosa homenagem a um amigo/irmão que continua sua missão no Coro Celeste)


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Abandonado


Cansado de pensar, de buscar, de lutar
Cansado de olhar e não ver
Cansado de gritar e não ser ouvido
Cansado de tudo poder e nada ter, nada ser
Imerso em sua própria existência inexistente

A lágrima correr o rosto marcado
As mãos ressequidas e tremulas hidratam-se no pranto sofrido
A boca seca e a garganta arrolhada pelo nó da desilusão
O coração pulsando, doendo, sangrando
Um vazio no estômago e uma dor que lhe invade a alma

É dia de visita....

O sorrir já esteve presente e o alegrar-se, já fora visitante
Por horas, contempla a felicidade dos outros
Por horas, acompanha ao longe as famílias a buscarem os seus

Olha ao redor e não há ninguém
Senta-se à beira do caminho para sonhar o passado
Presente é, o passado que vive; Futuro... passado que foi

Ali, a degustar sua angustia, não espera e nem pensa
Vive... sobrevive...
Abandonado em um canto qualquer como um resto de sobras
Só; em seu último lar
No asilo de sua alma, no asilo de seu penar. 
  

* Homenagem aos milhões de Pais e Mães esquecidos por seus filhos nos asilos. E aos asilados pelo esquecimento.

Escrito por Mr.Brunos


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Amadurecer

Ah, como queria o que não tenho...
Como não tenho o que queria?
Se o que quero não devia
Se o que devo, não queria


Busco o que me basta
Bastaria o que buscava
Se buscasse o que Devia
Não devia o que busco


Ando a procurar o vazio que me segue
Segue o vazio que me cerca
Cerca-me, à distância, o vazio onde ando
Somente ando


Buscando, andando, querendo
Vou assim crescendo
Sonhando
Morrendo
Renascendo e refazendo
Buscando, andando, querendo


Na verdade...
Estou vivendo. 


Escrito por Mr.Brunos