quinta-feira, 1 de julho de 2010

O Cego no caminho

Me ponho a imaginar que estou na condição de um cego às margens de uma estrada...

Sinto-me só, o vento corta meu rosto e a poeira da estrada árida beija suavemente minha face...

Como sempre estive, assim estou; imerso em minha escuridão contemplativa.

Rogando pela misericórdia e compaixão dos viandantes;
peço esmolas.

Assim como você, tenho sonhos, não com as mesma cores, tons, matizes

Mas tenho meus sonhos, desejos, vontades...

Queria ver a cor deste calor que me envolve, chamado sol.
Que você vê todos os dias e que parece algo banal, igual, sem graça...
Desejo saber como é minha face e que tons compõem a água...
Desejo saber como é olhar e ver o rosto de meus pais, de meus irmãos e amigos

Ouço ao longe gritos de alegria
Pergunto-me: "O que causa tal alvoroço?"

Meu coração dispara, minha boca está ressequida pela aridez desta minha terra;
interpelo a um e outro que por mim passa...

"O que acontece?"

Nada me respondem, só mais gritos e euforia
Fico eufórico também...
A sensação eufórica é contagiante, é como se a alegria deles fosse a minha...
E a intensidade do momento é tão forte, que não consigo me conter...
Pergunto com mais intensidade e alguém me ouve e diz:

Aquele que pode curar todas as feridas
Reconstruir todas as habitações destruídas
Aquele que ensinava no templo
Aquele que Era, É e Sempre Será
Passa por aqui...

Sinto que este é meu momento;
Mandam-me calar. Não me calo...
A minha alegria me faz gritar...
Meu coração acelera-se mais e minha voz se intensifica em clamor...
Meus olhos vêem uma luz que jamais viram
Figuras que desconheço
 
Vejo Tua face...

Algo me diz que serei eternizado, junto com Sua ternura e compaixão.

Você passou..., se foi...

Será que um dia nos encontraremos novamente aqui em Jericó?


(Escrito por: Mr.Brunos)

Nenhum comentário: